terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

There will be blood


A curta aventura que tem sido escrever neste blogue, nunca me tinha deparado com tamanho desafio como aquele que “Haverá Sangue” me colocou. Este filme, do consagrado realizador Paul Thomas Anderson, é do simplicidade tão complexa que se torna difícil para um leigo na matéria como eu expressar-me correctamente sobre um filme de tamanha qualidade.
Tentando fazer a decomposição do filme em primeiro linha teremos que falar da personagem central da trama, Daniel Plainview, um perfurador sem escrúpulos que à custa de muito sacrifício e uma atitude implacável constrói o seu império do petróleo. Plainview encarna o mito bem americano do “self-made-man”, mito esse que é a base do “american dream” bem característico da sociedade americana do século XX.c Religião Vs Dinheiro, é esta a força matriz de todo o filme, a América capitalista e prospera de um lado, o fanatismo religioso e uma sociedade arcaica do outro. Frente a frente temos dois homens, Plainview, o capitalista, e Eli Sunday o reverendo da Igreja da Terceira Revelação que fazendo uso de uma retórica pouco ortodoxa influencia determinantemente a pouco esclarecida população de “litlle Boston” Califórnia. Desta “batalha ideológica”, as ilações a retirar são óbvias: em terras no tio sam, não há fé que o dinheiro não compre.
Ao longo do desenrolar do filme deparamo-nos com a subida meteórica de um homem que começou sozinho com a perna partida no fundo de um poço de petróleo e que acaba numa enorme mansão, amargurado pelas decisões que tomou mas suficientemente rico para se poder afastar do mundo.
Haverá Sangue é um filme que irrompe pelo ecrã de forma brutal, o espectador sente-se esmagado pela paisagem, pela banda sonora mas sobretudo imponente figura de Daniel Day-Lewis, que ao que tudo indica terá tudo para ser o grande vencedor de domingo.
Uma grande narrativa, um trabalho soberbo, “Haverá Sangue” é mais uma “estória” que conta a história da América, não ao estilo de Zemeckis ou Leone, mas de uma perspectiva mais realista e brutal.
P.S. Tenho uma enorme revelaçao a fazer: O bifas escreveu um post sobre o Hitman e nunca teve a coragem de o publicar. Bifas se me estas a lêr, publica a tua escrita não é brilhante mas é sem dúvida um começo auspicioso. Ao passar os olhos naquela obra-de-arte bifiana recordei os tempos passados a ler Kafka ou Faulkner...

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